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sábado, 16 de julho de 2011

TEMPO, TEMPO, TEMPO!

Vivemos totalmente inseridos no tempo, ou mais que isso, somos prisioneiros dele. O tempo não pode ser pego, visto ou sentido, apenas procuramos medi-lo e vemos as conseqüências dele em tudo e todos. Segundo o dicionário tempo “é o período entre dois acontecimentos ou enquanto algo existe, acontece ou age”. O menor período de tempo que pode ser medido com exatidão é um trilionésimo de segundo; um centésimo de segundo é o tempo que um relâmpago leva para acontecer; um décimo de segundo é o tempo que seu olho precisa para piscar, e em um segundo o coração de uma pessoa normal bate uma vez. Tempo, tempo, tempo!
Encontramos pessoas com muitas atividades e que frequentemente afirmam que estão sem tempo e gostariam que o dia tivesse 25 ou 26 horas. Outras, opostamente, dizem que estão jogando tempo fora. Há pessoas que estão vivendo tempos dourados; outras, vivem dias negros! Tempo, tempo, tempo! Como o seu está?
A palavra de Deus diz que “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Portanto, boa ou ruim, por mais tempo que dure, a fase em que você se encontra atualmente vai passar. Tempo, tempo, tempo, que escoa por entre os dedos, que não pára nem volta, que nos empurra sempre para frente! O que você está fazendo com o seu?
Com toda certeza, um dia seu tempo aqui neste mundo irá terminar, e dessa verdade não há ninguém que possa fugir! Você não deixará de existir, mas também não poderá mais tomar decisões que Deus reservou para o período de sua existência aqui neste mundo: receber Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida, pois a bíblia nos diz que “ em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos” (At 4.12); e hoje é o dia, pois “eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação (2 Co 6.2). Tempo, tempo, tempo! Você vai aproveitar o seu?
Pastor Mário Alcoforado

Amar x Gostar x Apaixonar

Já faz algum tempo que temos ensinado que o amor não é um sentimento! A primeira reação das pessoas ao ouvirem essa afirmação é de espanto e discordância. Quero informar que não sou o criador desse pensamento, pois muitos pensam dessa forma, embora sejamos minoria. Mas, qual é a importância de se ter o melhor entendimento de uma palavra, principalmente daquelas que afetam mais as nossas vidas?
A palavra é a matéria-prima da comunicação, e o diálogo é o instrumento que constrói os bons relacionamentos. Portanto, permitam-me expor alguns conceitos, e reflitam sobre eles:
1) O amor é um gerenciador dos sentimos; ou seja, quando eu amo, eu controlo os sentimentos de tal forma, que as minhas ações e palavras promoverão a glória de Deus, o meu bem e o bem do meu próximo. Amar é um mandamento e não podemos escolher a quem amar. Gálatas 5.14 diz: “Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
2) Gostar é um sentimento, mas não é uma obrigação. Você pode gostar de umas pessoas e de outras não, e nem por isso estará pecando, contanto que as ame. Geralmente gostamos de pessoas que têm afinidades em comum conosco.
3 ) A paixão talvez seja um dos mais fortes sentimentos experimentados pelas pessoas. A paixão provoca sensações incontroláveis em nosso corpo, decorrentes da liberação de substâncias em nosso organismo. Ela altera o comportamento. Digamos que a paixão é como o combustível de um foguete: fundamental, porém extremamente perigoso.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
Nesse trecho da Palavra, João afirma o amor de Deus e declara que foi por causa desse amor que Ele enviou o seu Filho para morrer por nós; ou seja, a maior prova de amor pode ser percebida por uma doação. Quem gosta e quem se apaixona também doa!
Acontece que a doação de quem gosta existe em reciprocidade a algo já recebido. Ou seja: eu dou atenção porque já recebi afeto! Eu dou carinho porque sou bem tratado! Eu dou amizade porque recebi amizade! Quando gostamos, trocamos, com prazer!
Quem está apaixonado doa só que lhe convém, só o que lhe causará prazer. A paixão tende para o egoísmo. O ditado que diz que “o amor è cego”, está totalmente equivocado, pois na verdade quem é cega é a paixão. A paixão está disposta para a troca só enquanto estiver ganhando, levando vantagem; ao menor sinal de perda, ela tira o corpo fora. Contudo, ela é importante, pois é uma impulsionadora por natureza!
A doação do amor é diferente. O amor doa sem ter recebido nada e também sem ter a menor esperança de vir a receber. O verdadeiro amor doa para obedecer a Deus e ver o bem do próximo. O amor enxerga muito bem, procura perceber tudo, busca o conhecimento, paga o devido preço para alcançar os objetivos.
Medite no que você acabou de ler; procure perceber as diferenças e faça as correções necessárias no seu entendimento dessas três palavras.
Pastor Mário Alcoforado

Anemia Espiritual

“Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.” Romanos 6:19

A palavra anemia vem do grego, an = privação + haima = sangue. Ou seja, quando a concentração de hemoglobina no sangue está abaixo dos níveis considerados normais, dizemos que a pessoa está com anemia. Quanto mais aguda for a anemia, mais fraca a pessoa se sente, chegando ao ponto de não conseguir realizar mais nenhuma atividade, podendo ocorrer uma insuficiência cardíaca.
Muitas vezes a vida espiritual de alguns irmãos está tão fraca que podemos dizer que eles estão com uma “anemia espiritual”. Uma fraqueza tal cai sobre eles, que ficam se sentindo totalmente desanimados para obedecer as orientações que o Senhor nos dá visando o crescimento do Seu Reino.
Ao escrever o capítulo 6 da carta aos Romanos, Paulo chama a atenção dos seus leitores para o fato de que quando Cristo lhes deu vida, essa nova vida deveria ser vivida para Ele. Da mesma forma que antes as forças deles eram para satisfazer os desejos da carne, agora eles deviam empregar essa força para a santificação.
Como você pode perceber se está sofrendo de “anemia espiritual”? A principal característica dessa anemia, é quando você está vivendo na carne; quando na luta mencionada por Paulo na carta aos Gálatas (Gl 5), as obras da carne estão dando lugar ao fruto do Espírito. Quanto mais as obras da carne estiverem presentes em sua vida, mas “anêmico” você estará. Ao escrever aos Coríntios Paulo afirma: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem? ( 1 Co 3.3).
Da mesma forma que a anemia do corpo precisa ser tratada para que haja saúde física, a anemia do espírito precisa ser curada. E para que isso aconteça você precisa seguir a orientação do médico espiritual, Cristo. É Ele que, através do Espírito Santo, lhe fortalecerá; é dEle que você receberá o oxigênio que o seu espírito precisa, e que lhe proporcionará a força necessária para uma vida espiritual saudável.
Que Cristo lhe fortaleça
Pastor Mário Alcoforado

É tão difícil crer somente nas Escrituras?

Que tipo de crenças temos encontrado hoje nas igrejas? Em que se baseiam aqueles que se dizem cristãos? Pelo que temos visto, parece que a maioria das pessoas se deixa levar pelas experiências vividas pelos outros e por ensinamentos que ouvem. Torna-se cada vez mais raro encontrarmos cristãos como os de Bereia, que ao ouvirem as mensagens de Paulo e Silas, “receberam a palavra com toda avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim” (At 17.11).
Vivemos uma era em que a preguiça mental reina em diversos lugares, inclusive nas igrejas. Com os olhos e ouvidos voltados para os meios de comunicação de massa, que trazem informações “prontas”, o homem do nosso século não está exercitando a arte de pensar, de questionar, de averiguar.
Será que você acredita no que a sua Igreja diz, afirmando que a “Bíblia é a nossa única regra de fé e prática”? Será mesmo que isso é coerente para você? Para que essa afirmação tenha sentido na sua vida, para que ela se torne algo verdadeiro e prático, precisa haver dedicação de sua parte.
A própria Palavra nos diz que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça…” (2 Tm 3:16). É dela que você deve tirar tudo aquilo que irá dirigir sua vida. Portando, creia somente nela, seja dirigido somente por ela, “pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15:4).
Será que você é daqueles que vive atrás de novas revelações? Será que você tem coceira nos ouvidos quando ouve a sã doutrina? Cuidado com a sua vida, para que você não fique cercado por “mestres” que atendam a sua própria cobiça!
Pastor Mário Alcoforado

VINDE A MIM OS PEQUENINOS

“E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.” Mateus 18:3

Você pode não se lembrar, mas um dia você foi criança. Houve época em que você não deixava seus pais dormirem direito, e vivia sujando tudo, chorando quase a toda hora, sem saber fazer nada e totalmente dependente dos outros.
Mas você cresceu: aprendeu a andar, a falar, a comer sozinho; já sabia ir ao banheiro, mas quando terminava o “serviço”, ainda pedia socorro.
Depois veio a época dos “por quês”!
- Papai, por que o peixe mora dentro da água?
- Porque ele gosta!
- E por que ele não morre afogado?
- Porque ele tem um nariz especial.
- E por que agente também não tem um igual?
- Porque Deus não deu um pra gente.
- E por que Deus não deu um pra gente…
Sempre curioso(a), querendo aprender tudo, com vontade de corrigir as injustiças, procurando construir um mundo melhor, e sem entender a razão de tantas brigas e guerras no mundo dos adultos.
Houve uma época da sua infância em que você confiava em seus pais; para você eles eram fortes, invencíveis, e nada poderia lhe fazer mal quando eles estavam por perto. Segurando em suas mãos, você dava pulos incríveis, saltos fantásticos, e se sentia um(a) super-herói.
Mas você continuou a crescer, tornou-se um “rapazinho”, ou uma “mocinha”. As dificuldades, as desilusões foram ficando cada vez mais freqüentes em sua vida, e você passou a se acostumar com elas, achando tudo normal, e se sentindo incapaz de lutar contra elas.
Por outro lado, ao crescer, você também pode ter desenvolvido uma auto confiança excessiva, acreditando que é capaz de resolver tudo sozinho, sem depender de nada nem ninguém, nem mesmo de Deus.
Quando Jesus disse aos discípulos que nós devemos nos tornar como crianças, creio que Ele estava se referindo principalmente, à fase de dependência e confiança da criança para com seus pais ou responsáveis. Da mesma forma, precisamos ser humildes e depender de Deus. Devemos aprender a fazer como diz o salmista em Salmos 37.5: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” A confiança tem que ser plena, sem restrições.
Assim como a criança se sente forte ao lado dos pais, nós também devemos nos sentir fortes quando estamos na dependência de Deus. Precisamos exercitar o que foi dito pelo apóstolo Paulo quando escreveu aos filipenses: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4.13).
Para que possamos entrar no reino dos céus, Jesus nos diz que devemos nos tornar como crianças. Devemos nos aquietar nos braços de Deus, como a criança se aquieta nos braços da mãe: “Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo (Sl 131.2).”
Confiemos, pois Deus nos segura com a sua mão, e nos conduz pelo seu caminho.
Que Deus nos abençoe
Pastor Mário Alcoforado

"Clamando por um Verdadeiro Avivamento"

O Método da Evangelização Puritana



Raízes da evangelização moderna
A fim de compreendermos estes dois pensamentos (o método da evangelização Puritana e a disposição interna do coração) precisamos contrastá-los com a evangelização moderna. Só assim poderemos apreciar o aspecto característico da evangelização puritana. Para isso vamos voltar um pouco ao século XIX para considerarmos as raízes da evangelização moderna.

A evangelização moderna tem as suas raízes nos anos 1820 sob a liderança de Charles Finney, que frequentemente é chamado de "o pai" da evangelização moderna. Finney foi criado em Nova Iorque e tinha o grau de advogado. Começou sua prática como advogado nos anos de 1820 em Nova Iorque. No ano seguinte teve uma experiência religiosa muito profunda e isso o influenciou para que deixasse seu escritório de advocacia e se dedicasse inteiramente ao ministério. Foi ordenado pastor presbiteriano em 1824 e por 8 anos liderou eventos e reuniões de avivamento no leste dos E.U.A. Por quatro anos trabalhou como pastor em Nova Iorque e nos últimos quarenta anos de sua vida foi professor na Universidade de Oberlin no estado de Ohio. Através dessas décadas ele continuou fazendo reuniões de avivamento. Ele inventou aquilo que se chama de "novas medidas" para avivamento que incluem: (a) reuniões com muita emoção e (b) o banco dos "ansiosos". Eram reuniões evangelísticas caracterizadas por uma atividade intensa, que duravam dois ou três dias e nos quais Finney pregava duas vezes ao dia. O banco dos "ansiosos" era o primeiro banco da igreja que era deixado vazio para que as pessoas ansiosas pudessem vir e se assentar ali, recebendo uma ministração individual. No final dos seus sermões Finney diria: "Aqui está o banco dos "ansiosos", se vocês estiverem do lado do Senhor, venham à frente." Hoje a evangelização de massa, é um desenvolvimento das chamadas "novas medidas" dos avivamentos de Finney.

Em suas campanhas evangelísticas, Billy Graham apresenta um estilo polido destas cruzadas feitas por Finney. Essas chamadas ao altar para que as pessoas venham à frente e confessem Jesus Cristo, é uma versão moderna do banco dos "ansiosos". Hoje nós estamos tão acostumados com este estilo de evangelização moderna, que dificilmente percebemos que é uma inovação na história da Igreja. Com frequência nos esquecemos de quão distante está da evangelização bíblica. Tanto Finney, quanto a evangelização moderna, cometeram alguns erros básicos em diferentes aspectos das Escrituras. Vamos mencionar quatro áreas em que se afastaram dos princípios bíblicos.

Deficiências da evangelização moderna
1. Aceitação do pelagianismoEmbora certos elementos calvinistas estejam presentes, a evangelização moderna, seguindo a teologia de Finney, é essencialmente arminiana na sua apresentação do evangelho. Finney era confessadamente um pelagiano (Pelágio foi um herege do século IV que sofreu dura oposição de Agostinho). Ele negava que o homem caído fosse incapaz de se arrepender. Dizia que cada pessoa tem a liberdade e a vontade livre de arrepender-se e voltar-se para Deus; que cada pecador pode resistir ao chamado do Espírito Santo, e que este Espírito apenas apresenta-lhe razões pelas quais ele deve ir a Deus. O pecador, entretanto, é livre para aceitar ou rejeitar as razões apresentadas. Dessa forma, em última análise, a salvação não é uma obra de Deus, é realmente um trabalho do próprio homem. Finney escreveu o seguinte: "Pecadores vão para o inferno apesar de Deus”. Finney negou os cinco pontos do calvinismo, e não subscreveu os ensinamentos de Jesus de que o homem precisa nascer de novo, nascer do alto, doutra forma ele não pode entrar no reino de Deus.

2. Finney e a evangelização moderna colocam uma pressão indevida sobre a vontade humana. Se a vontade humana, pecadora, ué livre, segundo os evangelistas semipelagianos afirmam, a pregação ué reduzida simplesmente a uma batalha entre a vontade dos ouvintes e a vontade do pregador. O resultado disso é que todos os meios que o pregador puder usar para persuadir os seus ouvintes a aceitar a Cristo, acabam se tomando lícitos, mesmo que sejam baseados num excesso de emocionalismo do auditório. O alvo principal nestes casos é mover a vontade do homem, e levá-lo a fazer uma decisão imediata. O contrário disso, vemos no ensino de João 1: 13: “... os quais não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

3. Finney e a evangelização moderna reduzem o processo de conversão a um espaço curto de tempo. Isso não é bíblico! A Bíblia apresenta a conversão como sendo um processo por vezes demorado. Entretanto, para a evangelização moderna, a conversão é um processo de mais ou menos dez minutos. Recentemente foi escrito um livro sobre evangelização que faz com que o evangelista caia em profundo sentimento de culpa, se demorar mais de dez minutos para converter alguém. Chegamos a conclusão que, para muitos evangelistas modernos, a salvação não é mais aquele trabalho miraculoso, soberano e misterioso do Espírito Santo de Deus, e sim, o trabalho calculável da ação do homem. Isso é contrário ao que lemos em João 3:8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito". O que realmente tem acontecido nos últimos 175 anos, é o seguinte: Finney e a evangelização moderna perderam o sentido de conversão bíblica; perderam o conceito de conversão como uma obra miraculosa; perderam o sentimento daquela dependência total do homem em Deus, na sua conversão.

4. Grande parte dos resultados da evangelização moderna é questionável. Diversos estudos têm provado que a evangelização de massa, utilizado em grande parte nas cruzadas, em que o próprio homem decide a sua salvação, leva, finalmente, a um cristianismo muito superficial, que quase não dá fruto. Isso não quer dizer que não existam certos indivíduos a quem Deus realmente converteu em utais tipos de reuniões. A Bíblia diz que Deus pode fazer com que uma vara torta se tome reta. Entretanto, esse fato não nos isenta da responsabilidade em apresentar aos nossos ouvintes uma evangelização bíblico e saudável, uma evangelização que tenha uma profundidade maior, uma evangelização que começa, centraliza-se e termina em Deus. É isso que descobrimos quando nos voltamos upara o método dos puritanos.

Estilo direto de pregar
Quando nos referimos aos métodos da evangelização puritana, não estamos dizendo que devemos copiar cada detalhe dos puritanos. Muito da linguagem dos puritanos, por exemplo, está fora de época. Ainda assim os seus métodos têm muito para nos ensinar. O método puritano foi chamado pelos próprios puritanos, e por estudiosos hoje, de o "estilo direto de pregação". Um dos pais do puritanismo, William Perkins, escreveu o seguinte: "A nossa pregação precisa ser direta e evidente. É um dito comum entre nós: "este foi um sermão direto. "Eu digo que quanto mais incisivo e simples for o sermão, melhor". Um dos grande pregadores puritanos chamado Henry Smith disse o seguinte: "Pregar de uma maneira direta, não ué pregar de uma maneira dura e cruel". Também não significa pregar de qualquer forma, sem estudo. Significa pregar o sentido pleno das Escrituras de uma maneira tão clara que o homem mais simples possa entender o que esteja sendo ensinado, como se ele estivesse ouvindo seu próprio nome ser chamado.
Implementando este estilo simples e incisivo de pregação, os puritanos seguem um processo de três passos:

(1) Escolhem e estudam seu texto. (2) Fazem uma exegese desse texto, dando o seu sentido básico, e em seguida coletam do texto duas ou três doutrinas, que fluem dele. (3) Em seguida, aplicam estas doutrinas de uma forma prática ao coração dos seus ouvintes. Dessa forma, a primeira parte do sermão é exegética, a segunda parte é doutrinária e a terceira éaplicativa. À quarta parte eles chamavam de "como usar", que é a parte prática do sermão, como usar os ensinos na vida diária. Eles dividem a aplicação em duas partes, uma para os ouvintes que são salvos, e a outra para os não salvos. Aplicam a cada indivíduo o que o texto pregado tem a dizer para ele. Dessa forma, o ouvinte, ao sair da igreja, sabia com toda clareza o que aquele texto do sermão tinha a dizer a si em particular.

Vamos focalizar quatro qualidades deste estilo direto de pregar.

1. Usavam um método racional de pregar. Eles pregavam a criaturas racionais. Trabalhavam arduamente para mostrar aos pecadores a loucura de não buscar o Senhor. Eles procuravam mostrar às suas congregações o aspecto racional de todas as doutrinas da graça. John Owen, por exemplo, expunha à sua congregação como a doutrina da eleição era racional e lógica. Eleição é a primeira coisa do lado de Deus, mas é a última coisa que ué conhecida do lado daquele que crê. Eles usavam este tipo de ensino upara alcançar a mente e também a consciência. Labutavam para conduzir cada ouvinte a esta conclusão. Seria totalmente ridículo não buscar o Senhor. Ridículo em função do julgamento que há de vir, mas também em termos da maneira como vivemos nesta vida presente.

2. Tinham uma pregação afetuosa, apaixonada. É uma coisa rara nos nossos dias encontrar um pregador que tanto alimenta a mente dos ouvintes com substância bíblica sólida, quanto também mova os seus corações, com um calor afetivo. Mas, esta combinação era coisa comum aos pregadores puritanos. Falavam com amor e com convicção. Pregavam com uma chamada clara à fé e ao arrependimento. Pregavam com paixão o terror do pecado. Pregavam com calor a respeito de Jesus Cristo. Derramavam do púlpito suas próprias almas em seus sermões. Eles praticamente davam suas vidas pelo seu povo. Suplicavam aos seus ouvintes que se reconciliassem com Deus, não porque pensassem que eles podiam use reconciliar com um Deus santo, mas porque eles sabiam que o Deus todo-poderoso usa a loucura da pregação para salvar aqueles que realmente vão crer. Sabiam, pelas Escrituras, que somente o Cristo onipotente podia vivificar um pecador espiritualmente morto e mortificar a sua pecaminosidade, separá-lo dele mesmo, fazendo-o desejoso de abandonar o seu pecado e voltar-se para Deus e para a salvação completa por Ele oferecida. A pregação puritana apresentava todas estas verdades com paixão.

3. A evangelização puritana era reverente e sóbria. Os puritanos geralmente não usavam humor nos seus sermões; não acreditavam em contar histórias engraçadas com a finalidade de levar pessoas a se interessarem por Cristo. O alvo deles era exatamente o oposto. Eles procuravam fazer as pessoas se tomarem mais sóbrias diante das grandes exigências do Criador e diante do grande juízo que está chegando. Diante da eternidade, Deus é digno de ser adorado; digno por causa dEle mesmo e por causa de Seu Filho.

4. A evangelização puritana se caracterizava por fazer uma análise específica de temas bíblicos. Se um puritano pregasse sobre o inferno, o sermão inteiro seria sobre o inferno. O mesmo aconteceria se pregasse sobre o céu, todo o sermão seria sobre o céu. Noutras palavras, eles pregavam o seu texto o tempo todo. Calculavam que assim, após certo período de tempo, teriam coberto cada assunto principal da Bíblia. Assim, procuravam edificar o seu povo em todo o conselho de Deus, demonstrando sua apreciação por todo o ensinamento das Escrituras. Quero dar alguns exemplos. Os títulos que vou dar agora são de um livro de um puritano: "Quantos Já Experimentaram Uma Vida Seriamente Identificada com Deus?"; "Qual o Melhor Preservativo Contra a Depressão Espiritual"; "Como Podemos Crescer no Conhecimento de Cristo?"; "O Que Precisamos Fazer Para Evitar o Orgulho Espiritual?"; "Como Devemos Lidar Com Doutrinas Que Não Podemos Compreender Completamente?"; "Como Podemos Conhecer de Uma Forma Melhor o Valor Real da Nossa Alma?". Espero que vocês estejam percebendo quão específicos eram os puritanos ao pregarem o seu texto bíblico, e como depois de certo período de tempo eles conseguiam falar a respeito de todo o conjunto de verdades espirituais.

Os puritanos reforçavam os seus sermões com uma evangelização catequética. O pastor puritano típico visitava o lar dos membros da sua igreja pelo menos uma ou duas vezes ao ano. Eles catequizavam cada criança em cada lar e estas crianças também vinham para a aula de catecismo na igreja. Eles treinavam os pais em cada família para que também fizessem o estudo do catecismo com suas crianças no culto doméstico. Normalmente levavam 30 a 40 minutos por dia para essa atividade. No domingo à noite davam treinamento aos pais para que pudessem analisar o sermão do dia com as crianças por duas razões: para levar o sermão ao nível de uma criança e também para levar o pai a lembrar o sermão. Os puritanos tinham como alvo evangelizar a família inteira. Eles não estavam buscando convertidos de "dez minutos" ou uma decisão momentânea do coração. Eles procuravam convertidos que permanecessem convertidos a vida inteira, cujas mentes e corações tivessem sido vencidos, tornando-se cativos pela Palavra de Deus.

Dr. Joel Beeke

DEIXADOS PARA TRAZ?



Os americanos Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins lançaram uma série de 40 livros (13 traduzidos para o português), falando sobre a segunda vinda de Cristo, cujo título é “Deixados Para Traz”. Esses livros deram origem a 4 filmes. Tanto os livros como os filmes são sucesso mundial. Essas obras tratam do fim do mundo sob uma perspectiva conhecida como pré-milenismo. O ensino mais divulgado e conhecido pelos  pré-milenistas atuais é o arrebatamento secreto da Igreja. É impressionante como essa doutrina, apesar de relativamente nova, domina praticamente todas as igrejas no Brasil e no mundo. Esse ensino surgiu com  John N. Darby na Inglaterra por volta de 1830, e foi disseminado nos Estados Unidos pela Bíblia de Referência Scofield, que é uma bíblia de estudos, com anotações no rodapé de cada página. “Essa Bíblia foi originalmente publicada em inglês em 1909, reeditada em 1917 e revisada em 1967. A edição em português chegou ao Brasil em 1983, contendo referências e notas da edição revisada em 1967”.
Para que tenhamos um conhecimento correto a respeito desse assunto, a partir deste domingo e até o final do mês de julho, iniciaremos uma série de estudos sobre a Escatologia Reformada, ou em outras palavras: o que a Bíblia nos ensina a respeito da segunda vinda de Cristo. Estudaremos esse assunto pelos seguintes motivos: 1) trata-se de um assunto totalmente bíblico, tanto do Velho como do Novo Testamento, sendo essa a principal razão; 2) a maior parte da nossa Igreja não tem conhecimento básico sobre o assunto; 3) o conhecimento correto a respeito “das últimas coisas” nos ajudará a vivermos de forma mais acertada no presente tempo.
“Muitos cristãos hoje estão encarando o futuro à espera do desenrolar de um suposto cenário do fim dos tempos, mas estão cegos para os pontos-finais culturais, eclesiásticos e pessoais que estão se revelando desde a sala do trono de Deus, diante dos olhos deles; pontos-finais que afetam-nos diretamente.” Em vez de ficarmos temerosos em sermos “deixados para trás”,  procuremos conhecer o que a Palavra de Deus requer de cada um de nós, para andarmos de forma agradável diante dEle, nesses “últimos dias”, nos quais já estamos vivendo.

Que o Senhor nos ajude

Pastor Mário Alcoforado